sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Análise do poema " O operário em construção"

O poema O operário em construção, escrito por Vinícius de Moraes em 1956, descreve o trabalho como base da vida humana; descreve o processo de tomada de consciência de um operário, partindo de uma situação de completa alienação: “tudo desconhecia / de sua grande missão”, sem saber “que a casa que ele fazia / sendo a sua liberdade/ era a sua escravidão”. No nível simbólico Operário em Construção trata de um operário que entra em processo de conscientização individual e resiste à exploração através da palavra “não”. É um dos poemas de lírica comprometida com o cotidiano.

O poema inicia com o papel do operário na construção das coisas e o desconhecimento da importância da sua profissão. Narra, em versos, a alienação verificada na multidão que empilha os tijolos com suor e cimento.
“Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.”
De repente, o operário constata que ele, um humilde operário, era responsável pelos objetos que estavam em sua mesa e, “tomado de uma súbita emoção”, percebe que era ele quem construía tudo o que existia: “casa, cidade, nação!”. Compreende a força das rudes mãos e a grandeza de ser um operário em construção:
“Foi dentro desta compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário...”
O operário se constitui em uma nova dimensão. A percepção da própria importância na sociedade que construía, a compreensão do significado do exercício de sua profissão... Tudo disposto em poesia, a consciência adquirida, o conhecimento compartilhado como outros operários e a possibilidade de dizer não:
“O que o operário dizia
Outro operário escutava
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia “sim”
Começou a dizer “não”...”
O poema contagia. Sente-se libertar a percepção quando o operário começa a notar as coisas, as diferenças de sua vida com a do patrão, comparando pequenos detalhes. Sua consciência política e social amadurece e ele se faz forte em dizer não, apesar das contrariedades e das delações de alguns companheiros. O patrão, sem dar importância, solicita aos delatores que o convençam do contrário. Começam as agressões: cospem em seu rosto, quebram seu braço e ainda assim o operário diz não.

“Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.”


O patrão, verificando que toda a violência sofrida não convenceria o operário, tenta dobrá-lo com a proposta de poder, tempo de lazer e de mulheres, com a condição de que o mesmo abandone o motivo que lhe faz dizer não.

O operário observa a ampla região em volta da construção e vê o que seu patrão não consegue ver: o operário vê casas e tantos objetos, enquanto seu patrão está limitado a visão do lucro. O operário percebe que em tudo há a marca de sua mão e diz “não” à oferta do patrão: “Não pode me dar o que é meu”.

O homem, com a amplitude da percepção que adquiriu, sente a enorme solidão dos que compreendem além das aparências, a responsabilidade pela vida dos que padeceram e dos que viverão com esperanças. Constrói-se dentro de um novo perfil de homem, engajado no mundo e consciente de sua participação na história.
“E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um pobre e esquecido
Razão que fizera
Em operário construído
O operário em construção.”
O poeta encerra sua grande edificação poética. Vive-se a construção do operário, de sua consciência e da coragem para negar à ordem, quando esta não representa o seu trabalho.

No poema (abaixo na íntegra), é possível perceber o momento da tomada de consciência do operário (servo), quando ele se dá conta do poder que tem, da sua capacidade de transformar a natureza. Vê que tudo que existe (“garrafa, prato, facão”) foi feito por ele.

O trecho em que o operário olha sua mão e percebe que não há no mundo coisa mais bela pode, de início, parecer uma contradição, já que de modo geral a mão de um operário tende a ser grossa, rude, cheia de calos; como poderia então ser bela? A beleza que ele vê está além das aparências; ele percebe que em suas mãos está seu poder de modificar o mundo, de transformar a natureza, assim como o servo de Hegel. Quando o operário toma consciência de si entra em outra dimensão (“a dimensão da poesia”). Isso talvez se dê pelo fato de ele agora conseguir perceber a beleza que existe em sua construção e reconhecer a si mesmo nos produtos que cria. Ele vai aos poucos se libertando do jugo do patrão e incentivando os outros operários a fazerem o mesmo, a tomar consciência de sua força, de seu poder de construção; vê que é o verdadeiro dono de tudo que existe, uma vez que tudo é construído por ele.

O patrão, ao se dar conta de tal reviravolta, tenta por todos os meios enfraquecer o operário: através da violência, do suborno... Mas nada consegue, pois o operário vê na sua liberdade o maior dos bens.

Vinícius de Moraes marcou sua passagem com um olhar verdadeiro e uma ampla consciência da condição humana e deixou os versos do seu trajeto para os que querem viver mais do que as alienadas aparências possam trilhar em busca de uma vida mais significativa.

Fontes: Helena Sut Mariana Cruz, Filosofia, Educação Pública, CIERJ |/ Site Passeiweb

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vinicius e suas nove mulheres

Vinícius de Moraes já se casou 9 vezes, não perdia uma oportunidade de xavecar uma mulher.
As mulheres que Vinícius se casou:

1- Beatriz Azevedo, conheceu ela quando ia para Inglaterra, mesmo ela embarcando primeiro, eles se casam por procuração.
2- Regina Pederneiras, Vinicius se casa secretamente com ela, mas depois a esposa da época o perdoa.
3- Lila Bôscoli, a relação dura 2 anos e eles tem 2 filhos.
4- Maria Lúcia Proença, se conheceram adolescentes e se reencontraram 20 anos depois.
5- Nelita de Abreu, era namorada de um aluno de Vinicius e logo largou seu namorado para ficar com Vinícius de Moraes.
6- Cristina Gurjão, encantou-se com o poeta depois de anos ter levado uma cantada.
7- Gesse Gessy, fugiu com Vinícius para Bahia e lá tiveram vários desentendimentos.
8- Narta Regina Santa Maria, se conhecem em um show de Punta del Este.
9- Gilda de Queirós Mattoso, sua ultima esposa, 40 anos mais nova virou a viúva de Vinícius de Moraes.

Frase polêmica de Vinicius de Moraes

Provavelmente uma das únicas polêmicas em que Vinicius de Moraes causou foi uma frase de um poema que algumas pessoas não gostaram. A frase é do poema "Receita de Mulher":  "As muito feias quem me perdoem, mas beleza é fundamental" o resto do poema ameniza essa frase, apesar de ser uma frase de mal gosto a "população feia" perdoou Vinícius, e ainda leem e gostam de seus poemas e musicas.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Poema Original 'O operário em Construção"

Esta obra, foi a inspiração do Projeto Roca 2013. Que fala sobre o respeito merecido por nossos operários.




                                 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vinicius pelo olhar dos alunos

     O projeto Roca se faz da dedicação de todos. Coordenadores, professores, alunos... E cada um tem seu olhar sobre Vinicius de Moraes e o projeto. Em pequenos relatos feitos pelos alunos do Colégio, podemos ter a certeza que o poeta é sempre admirado, e pelas opniões, é eternizado por seu talento e obras. 
    A seguir,o olhar dos alunos sobre o genial Vinicius de Moraes, que no último sábado, 19 de
outubro, completaria 100 anos.





"Vinicius de Moraes foi um grande compositor, músico e poeta do nosso país. Sempre contribuindo muito e inspirando a cultura brasileira." -Daniel Bosque, 6o ano A 

"Desde bem pequena, admiro muito as obras do incrível Vinicius de Moraes. Passei toda minha infância ouvindo "A casa" e outras músicas dele. E mesmo passado tempos, Vinicius continua inspirando todos." -Gabriela Maritsa, 8o ano B

"Vinicius de Moraes me inspira muito, com seus pensamentos e sentimentos, que estão presente em toda minha vida." -Mateus Gualberto, 7o ano B 






"Vinicius é um grande poeta, compositor, músico e escritor brasileiro. Suas ricas obras são grande inspiração para todos aqueles que querem seguir seus passos." - Leandro Arcanjo, 8o ano B

"Considero Vinicius de Moraes um grande poeta e escritor brasileiro, que contribuiu muito para a cultura do nosso país. Este ano, iremos comemorar e homenageá-lo pelo seu centenário."- Ana Clara Moraes, 6o ano A  


Por Talyta

Entrevista com Iza Menezes

       Em uma harmoniosa manhã de quinta-feira, nós,  equipe do blog, tivemos a oportunidade de conhecer o Roca ao olhar da diretora Iza Menezes. Com uma simpatia inigualável, ela nos contou sobre a importância do projeto, Vinicius de Moraes pelo seu olhar e até mesmo planos para o Roca de 2014. Confira a entrevista a seguir:

-Alunos : Bom dia, Iza! É um grande prazer tê-la conosco. Para iniciar as perguntas: Além do centenário, o que levou a escola a escolher Vinicius de Moraes como tema do Roca 2013?
-Iza: Bom dia, o prazer de tê-los aqui é todo meu. Então, Vinicius é um artista que marcou uma época. Ele foi como um divisor de águas. Podemos dividir a história da música popular brasileira em antes de Vinicius e depois dele.

-Alunos: Vinicius foi músico, jornalista, poeta, dramaturgo, entre outras profissões. Mas, em sua opinião, qual delas ele mais contribuiu para a cultura brasileira?
-Iza: Com certeza, na música. Vinicius sempre foi um artista que colocava seus sentimentos em suas obras, e na música ele conseguiu fazer isso com toda intensidade. E também, foi através da música que ele mais se destacou.

-Alunos: Para a senhora, qual a importância para os alunos do Colégio Roberto Carneiro desenvolverem este projeto de Vinicius?
Iza e os alunos
-Iza: Estamos envolvidos em muitas coisas. Estamos vivendo um processo de transformações. Manifestações, protestos... E não dá para mudar, sem antes conhecer o passado. No tempo de Vinicius, era, por lei, errado manifestar e se opor ao governo. Temos o grande privilégio  de conhecer sobre sua época. E não devemos perder essa oportunidade.Uma escola deve passar cultura, não ficar presa apenas a Português, Matemática... Os alunos não devem ficar presos às carteiras, a escola deve direcioná-los para as janelas do mundo.

-Alunos: Realmente. Iza, entre as obras de Vinícius, tem alguma que a senhora admire mais? Tenha um certo carinho especial?
-Iza: Há poucos dias, estava lendo o blog de vocês. Passei horas a fio lendo músicas e poesias de Vinicius. E entre todas elas, encontrei uma que sempre me tocou, e me toca até hoje."Pela luz dos olhos teus" é, em minha opinião, a obra mais linda e tocante dele. Nela, Vinicius expressa todos os sentimentos com a maior leveza...

-Alunos: Quais são suas expectativas para a apresentação do projeto Roca?
-Iza: Não espero que seja um espetáculo maravilhoso. O mais importante, em minha opinião, é ver os alunos realizados. Minha única expectativa é ver o brilho nos olhos dos alunos. É o que me orgulha. A felicidade dos alunos.

-Alunos: Iza, agradecemos o carinho e a disponibilidade para a entrevista. Para finalizar, uma última pergunta: E para o Roca de 2014? Algum plano em mente?
-Iza: Para o ano de 2014, queremos fazer diferente. Pretendo sentar com os alunos e lançar-lhes a pergunta 'O que vocês gostariam de estudar?'. É de grande importância a opinião dos alunos! Não temos um tema para o próximo Roca, mas temos essa proposta em mente. O que os alunos gostariam de aprender.
Iza com a equipe do blog

Por Toda equipe do blog

Projeto Roca 2013 "O Operário em Construção"

A escola é um universo dentro do infinito universo da práxis social humana. Reconhecer tal fato, no entanto, é prioridade para aqueles que entendem a educação como instrumento de inserção social e, por isso mesmo, visam a formação de alunos capazes de interagir em qualquer ambiente e, de distintas formas, adaptar-se às inúmeras e diversificadas realidades com as quais vão de deparar com a vida adulta.

O Colégio Roberto Carneiro sempre incentivou a ideia das relações humanas como alicerce da construção do conhecimento. Os aprendizes devem estar comprometidos com o processo de ensino-aprendizagem que sempre intencionalmente leve-os a olhar ao redor e ver o "OUTRO" - seu semelhante e diferente espelho. Tal exercício contribui para a formação do verdadeiro conceito de cidadania - os jovens passam a considerar a importância de cada elemento na embrenhada teia social. Assim, simples conteúdos ou mesmo informações descontextualizadas passam a ganhar atributos que o saber necessita para se fazer mais completo: respeito, gentileza, solidariedade e outros, que muitas vezes são esquecidos em nome da competitividade.

O planeta Terra tem mostrado que necessita mesmo de todas as andorinhas para fazer verão Um caso extraordinário de se lembrar é o referente à tese mestrado do aluno da USP sobre invisibilidade social. Fernando braga, psicólogo, passou oito anos trabalhando como gari no Campus da Universidade e pôde perceber diversas situações. Os colegas ou professores não mais o cumprimentavam ou davam-lhe bom dia. Mas não porque não o reconheciam, simplesmente porque não olhavam mais para ele, que deixou de ser o aluno bem sucedido das salas de aula e passou a usar um uniforme e vassoura na mão. Mas nós sabemos que um campus ou qualquer lugar do mundo não funciona sem as mãos abençoadas que limpam nossos caminhos. 

"A parte sem o todo não é a parte \ O todo sem a parte não é o todo", palavras sábias de Gregório de Matos. Nós, todos do Colégio Roberto Carneiro queremos compreender a importância deste "TODO" através do Projeto O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO, poema do nosso saudoso Vinicius de Moraes, que completaria cem anos agora em 2013. A arte desenhará e ampliará mais uma vez um novo olhar sobre o papel da escola e sua importância, afinal, como já dizia o poetinha "a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida."


Direção, Coordenação e Professores